segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Resenha: 4ª Edição All Folks Fest


Parecia que São Pedro estragaria o sábado dos fãs de Folk, mas nada como ótimos artistas e um lugar acolhedor para ir contra a chuva em São Paulo para encher o Centro Cultural Rio Verde para a 4ª Edição do All Foks Fest, sendo a quarta edição do festival no ano, com três na capital e uma em Araraquara.

Fotos: Fernando Galassi


A principal novidade da edição foi o novo palco. O até então desolado teatro aos fundos da casa foi reformado e foi agora adotado como o palco principal do festival. Todo madeirado e com varais de lâmpadas incandescentes, dando um clima festivo, o palco no começo da noite se preenchia com vários violões, os quais os artistas da noite irão tomar posse e fazer o som que encantaria os presentes.
O primeiro a se apresentar foi o irlandês, cada vez mais paulistano, Johnny Fox que fez um lindo show com uma carga intimista contagiante fazendo todo o público ficar sentado observando os acordes soados do violão do irlandês. Fox tocando entre outras músicas, uma versão de The Outside adaptada do piano para o violão e duas músicas novas, Laughing Stock, do EP lançado em Outubro, e You Think That You’re In Love deseu EP Silence is Golden, lançado no mesmo dia do festival. Johnny Fox ainda tocou a Minha Mulher de Caetano Veloso e ainda por cima cantando em um português esforçado. Um dos shows mais bonitos de todas as edições do festival.

Fotos: Fernando Galassi


A seguir seria a vez dos anfitriões do The Outside Dog. Saindo do clima calmo da atração anterior, o agora quinteto – com a entrada de Rafael Elfe, viria a trazer um clima de animação para o público do festival, principalmente com um dos pontos altos da banda, o gaitista Ciro que traz um toque a mais para a banda, como na ótima The Rooster’s Gonna Crow. O show foi marcado por ser a primeira participação de Elfe como integrante do The Outside Dog, tendo inclusive uma música inédita feita em parceria com seus novos parceiros e uma música solo, onde Pedro o acompanharia em alguns momentos nos vocais. O grupo ainda tocaria a divertida I Don’t Belive it’s You Again fecharia sua apresentação com seu maior sucesso, Open D Blues, fazendo o público bater pé e dançar, fechando assim mais um show redondo e bem executado da banda.

Nada melhor que o teatro para ser palco dos irreverentes e ótimos músicos do Mustaches e os Apaches. O grupo possui rostos conhecidos como Pedro Pastoriz, que agora usando o bom humor adota o nome de Pete Shapperd fazendo um trocadilho com seu nome real.

O grupo iniciaria sua apresentação mise-en-scène logo na sua entrada ao descer as escadas do mezanino do teatro e tocando no meu do público. O som misturava a base das tradicionais jug bands de New Orlenas com um experimentalismo interessante, como a utilização de percussão alternativa formado por um washbord acoplado de campainha de hotel e um pequeno prato de bateria, e mais adiante um serrote sendo usado como um instrumento tocado com vara de contrabaixo.
Usando ainda da irreverência, os integrantes fariam caras e bocas, latidos, uivos, mímicas e introduções de La Bamba e Paint in Black dos Stones no violão, adicionando um toque muito diferenciado em meio as ótimas músicas tecnicamente apresentadas nos mais variadas instrumentos como mandolim, contrabaixo e kazoo.

Fotos: Fernando Galassi


O show (no teatro) ainda terminaria com um cover de Misrilou de Dick Dale, um dos pais do Surf Rock, que agora tomaria a forma da sonoridade do grupo. No mesmo esquema do início do show, o grupo sairia tocando e agora se dirigia ao coreto do Centro Cultural para o agradecimento e encerramento de sua memorável apresentação no festival.

Encerrando o festival, os estreantes do The Leprechaun nos trariam uma mistura de Folk irlandês com Punk Rock. Não apenas no som, a Irlanda se apresentava na temática, como pôde ser observado na música Kill The King, a qual mostra uma letra patriótica relatando os conflitos entre a Irlanda e a Inglaterra, travada há séculos atrás. O grupo ainda apresentaria algusn covers para ajudar a cativar o público. Rock ‘n’ Roll Radio dos Ramones e Santeria do Sublime foram duas dessas versões Folk. O terceiro cover ficou com Fluorescente Adolescent dos Arctic Monkeys, que conteve alguns erros, mas totalmente compreensíveis, ainda mais pelo nervosismo natural de uma primeira apresentação. No geral o grupo soube bem debutar em palcos apresentando seu som que agrada a fãs de bandas como Flogging Molly e Dropkick Murphys.

Assim como em todas as suas outras edições, o All Folks Fest foi mais uma vez uma ótima oportunidade para os artistas nacionais do Folk se apresentarem, e para o público fã do estilo ganhar um espaço para cutir essas bandas., o All Folks. Com um lineup sempre procurando passar o estilo com diferentes vertentes, sendo horas mais calmo, outras com mais energia e até mesmo com uma roupagem mais diferente, a quarta edição do festival se mostrou muito bem elaborada, seguindo os padrões das edições anteriores, e tendo um adendo positivo do novo palco, o teatro, que se tornou um elemento a mais de experimentação do clima do festival, que cada vez mais se torna um evento obrigatório na agenda dos paulistanos. 

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