Parecia que
São Pedro estragaria o sábado dos fãs de Folk, mas nada como ótimos artistas e
um lugar acolhedor para ir contra a chuva em São Paulo para encher o Centro
Cultural Rio Verde para a 4ª Edição do
All Foks Fest, sendo a quarta edição do festival no ano, com três na capital e uma em Araraquara.
Fotos: Fernando Galassi |
A principal
novidade da edição foi o novo palco. O até então desolado teatro aos fundos da
casa foi reformado e foi agora adotado como o palco principal do festival. Todo
madeirado e com varais de lâmpadas incandescentes, dando um clima festivo, o
palco no começo da noite se preenchia com vários violões, os quais os artistas
da noite irão tomar posse e fazer o som que encantaria os presentes.
O primeiro a
se apresentar foi o irlandês, cada vez mais paulistano, Johnny Fox que fez um lindo show com uma carga intimista
contagiante fazendo todo o público ficar sentado observando os acordes soados
do violão do irlandês. Fox tocando entre outras músicas, uma versão de The Outside adaptada do piano para o
violão e duas músicas novas, Laughing
Stock, do EP lançado em Outubro, e You
Think That You’re In Love deseu EP Silence
is Golden, lançado no mesmo dia do festival. Johnny Fox ainda tocou a Minha Mulher de Caetano Veloso e ainda por cima cantando em um português esforçado. Um dos shows mais bonitos de todas as edições do festival.
Fotos: Fernando Galassi |
A seguir seria
a vez dos anfitriões do The Outside Dog.
Saindo do clima calmo da atração anterior, o agora quinteto – com a entrada de
Rafael Elfe, viria a trazer um clima de animação para o público do festival,
principalmente com um dos pontos altos da banda, o gaitista Ciro que traz um
toque a mais para a banda, como na ótima The
Rooster’s Gonna Crow. O show foi marcado por ser a primeira participação de
Elfe como integrante do The Outside Dog, tendo inclusive uma música inédita feita
em parceria com seus novos parceiros e uma música solo, onde Pedro o
acompanharia em alguns momentos nos vocais. O grupo ainda tocaria a divertida I Don’t Belive it’s You Again fecharia
sua apresentação com seu maior sucesso, Open
D Blues, fazendo o público bater pé e dançar, fechando assim mais um show
redondo e bem executado da banda.
Nada melhor
que o teatro para ser palco dos irreverentes e ótimos músicos do Mustaches e os Apaches. O grupo possui
rostos conhecidos como Pedro Pastoriz, que agora usando o bom humor adota o
nome de Pete Shapperd fazendo um trocadilho com seu nome real.
O grupo iniciaria sua apresentação mise-en-scène logo na sua entrada ao descer as escadas do mezanino do teatro e tocando no meu do público. O som misturava a base das tradicionais jug bands de New Orlenas com um experimentalismo interessante, como a utilização de percussão alternativa formado por um washbord acoplado de campainha de hotel e um pequeno prato de bateria, e mais adiante um serrote sendo usado como um instrumento tocado com vara de contrabaixo.
Usando ainda
da irreverência, os integrantes fariam caras e bocas, latidos, uivos, mímicas e
introduções de La Bamba e Paint in Black dos Stones no violão, adicionando
um toque muito diferenciado em meio as ótimas músicas tecnicamente apresentadas
nos mais variadas instrumentos como mandolim, contrabaixo e kazoo.
O show (no
teatro) ainda terminaria com um cover de Misrilou
de Dick Dale, um dos pais do Surf Rock, que agora tomaria a forma da sonoridade
do grupo. No mesmo esquema do início do show, o grupo sairia tocando e agora se
dirigia ao coreto do Centro Cultural para o agradecimento e encerramento de sua
memorável apresentação no festival.
Encerrando o
festival, os estreantes do The
Leprechaun nos trariam uma mistura de Folk irlandês com Punk Rock. Não
apenas no som, a Irlanda se apresentava na temática, como pôde ser observado na
música Kill The King, a qual mostra
uma letra patriótica relatando os conflitos entre a Irlanda e a Inglaterra,
travada há séculos atrás. O grupo ainda apresentaria algusn covers para ajudar
a cativar o público. Rock ‘n’ Roll Radio
dos Ramones e Santeria do Sublime
foram duas dessas versões Folk. O terceiro cover ficou com Fluorescente Adolescent dos Arctic Monkeys, que conteve alguns
erros, mas totalmente compreensíveis, ainda mais pelo nervosismo natural de uma
primeira apresentação. No geral o grupo soube bem debutar em palcos
apresentando seu som que agrada a fãs de bandas como Flogging Molly e Dropkick
Murphys.
Assim como em
todas as suas outras edições, o All Folks Fest foi mais uma vez uma ótima
oportunidade para os artistas nacionais do Folk se apresentarem, e para o
público fã do estilo ganhar um espaço para cutir essas bandas., o All Folks.
Com um lineup sempre procurando passar o estilo com diferentes vertentes, sendo
horas mais calmo, outras com mais energia e até mesmo com uma roupagem mais
diferente, a quarta edição do festival se mostrou muito bem elaborada, seguindo
os padrões das edições anteriores, e tendo um adendo positivo do novo palco, o
teatro, que se tornou um elemento a mais de experimentação do clima do
festival, que cada vez mais se torna um evento obrigatório na agenda dos
paulistanos.
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