quarta-feira, 25 de abril de 2012

Portugal Não é Somente Fado


Wraygunn


"Caipirinha! Mulata! Ronaldinho! Caranaval! Samba! Ai Se Eu Te Pego!!"
Se é assim que os gringos conhecem o Brasil, não seria muito diferente dizermos "Bolinho de Bacalhau! Azeite! Fado! Vira-Vira! Roberto Leal! Bigode!" para os nossos co-irmãos lusitanos. 

É comum essa estereotipagem de culturas, isso é um fato. Um dos lados ruins disso é que a mensagem do conteúdo cultural acaba sendo passada de maneira restrita e nos priva de um conhecimento mais amplo dessa cultura se caso não se vá atrás de conhecê-la melhor.

Bom, por se tratar de um blog de música, vou me ater apenas na desmistificação musical desse esteriótipo. Ao contrário do fado, música tradicional portuguesa, os portugueses possuem uma boa carga de rock e seus derivados seja em uma galera mais antiga quanto da nova safra.

Aproveitando a vinda de Moullinex nessa sexta-feira no Beco 203 de São Paulo, decididi fazer este post para lhes apresentar o que está rolando por lá.

Eis a lista:

Moullinex

Já que já falamos dele, vamos começar por este. Fazendo o que alguns chamam de Nu-Disco, Luis Clara Gomes (seu nome verdadeiro) vem trazendo uma nova música dance/new wave/disco para as pistas de todo o mundo. Em tournê pelo mundo, já possui  3 anos de estrada e já fez até remix de Cut Copy. 


Caso tenha gostado, você pode vê-lo nessa sexta-feira no Beco 203 por R$20. Mais informações aqui

We Trust

We Trust é André Tentugal, ex produtor e diretor que trabalhou com diversas bandas portugeusas como uma das mais influentes do indie lusitano, a X-Wife, e que agora após trabalhar com grandes nomes emergentes da cena internacional, como Ariel Pink, se descobriu músico.
Com o álbum lançado em Outubro de 2011, We Trust nos traz um indie pop com toques de chillwave e synthpop. Disco para se ouvir, sentir e viajar.



Wraygunn

Um blue rock alternativo português. É o que mais ou menos define essa banda de já 12 anos de carreira. Com uma levada horas mais alternativa com mistura de elementos de outros estilos, e horas com um som caracteríticos do blue estadunidense, Wraygunn é uma banda com muito intensidade em suas músicas e letras.



Legendary Tigerman

Projeto paralelo do vocalista da Wraygunn, Paulo Furtado. Paulo apresenta nesse seu projeto de "banda de um homem só" um som com menos intensidade e mais introspecção mas ainda com a força de um blues pesado e vocais mais sombrios.

Sean Riley & The Slowriders

Quarteto de Coimbra que traz um indie folk/rock que desde já, por favor não comparem com Bob Dylan. Tal comparação é vista pelo vocalista Affonso (Sean Riley) como uma comparação errônea. 
Se parece com Dylan e Waits ou não, é algo a discutir. Mas que o som deles traz um folk harmonioso e que soa muito bem aos ouvidos, isso é unânime.


Julie & The Carjackers

Misturando um folk pop com linhas de jazz, e até um "que" de Bossa Nova, e instrumentos como flauta e trombone, e teclados a dupla lisboeta, que acabou de lançar seu primeiro disco em Novembro do ano passado, nos traz um som sublime e simples em seus arranjos. Simples mas um simples bem elaborado e "redondo". Em 2011 chegaram a participar da coletânea "Novos Talentos FNAC"  em Portugal. 
Bom som para relaxar.


UTTER

Com forte influência de Sigur Rós, esse quinteto português de nome que significa "total, completo, infinito e extremo" (segundo os próprios integrantes) foi formado em 2006 e já com dois álbuns, facilmente ganhou as rádios e o gosto do público lusitano.
Um som ambiente, intimista e forte - no sentido de emoção, legendam o som dessa banda que você fã de Sigur Rós e Radiohead devem escutar.



quinta-feira, 19 de abril de 2012

Bandas Novas: BIGkids

Indie,hip hop,funk, e ainda com toque de soul. Mistura bem maluca e que forma o som desses dois londrinos que fazem o BIGkids.



A música de trabalho, intitulada Drum In Your Chest, é quase um The Ting Tings com levadas de hip hop e funk. Batidas de baixo acentuadas, metais ao fundo, vocais rápidos e ritimados, e que hora se acalmam e suavisam. Bem maluco, mas bem interessante.




Essa música ainda teve um remix feito pelo Snow Patrol. Algo bem (muito) curioso por se tratar da diferença de som entre as bandas.



 Além de Drum In Your Chest, a banda possui uma outra faixa chamada Good For You. Essa com uma levada de soul. Típica música para sentir (mesmo que a letra não ajude e seja bem bobinha). Para finalizar o material dos caras, nos deparamos com um cover de "I'd Rather Go Blind" da cantora, que dispensa qualquer comentário, Etta James.




Trabalho interessante da banda, que já está em estúdio para gravar músicas para o primeiro álbum. Uma delas já com nome: Heart Sing, e que já tem preview no Youtube:
Vamos aguardar o disco!





 PS: Ah, vale a pena dar uma olhada no curioso/bizarro/engraçado tumblr dos caras: BIGkids Tumblr

terça-feira, 17 de abril de 2012

Skrillex orquestrado?

É isso mesmo.
O ex-vocalista de banda de screamo, e atual DJ de dubstep, ganhou uma versão orquestrada de um mix de suas principais músicas. O responsável foi outro DJ também do mesmo estilo musical de Skrillex, chamado Varien, e que é bem conhecido pelo público fã do estilo.

O resultado ficou interessante. Ganhou ares meio medievais mudando bem o som que originalmente é marcado pelo forte peso das batidas de sons graves e gritos.

Mesmo que você não goste de Srkillex, vale a pena ouvir essa versão:



sexta-feira, 13 de abril de 2012

Bandas Novas: Black Cold Bottles



Banda nova já falada por aqui, seja em resenha de show quanto resenha do EP -  o qual está disponível para download e por isso este post.

Baixe aqui o primeiro material dessa banda que mistura um shoegaze com indie rock. Aproveita que é bom e de graça!


segunda-feira, 9 de abril de 2012

Lollapalooza: Principais shows completos

Indie Shoe no Lollapalooza



Pois é, o festival mais esperado do ano aconteceu anteontem e ontem aqui em São Paulo. Trazendo cerca de 140mil pessoas de todo lugar do Brasil, e até do mundo.

 Bom, não vou fazer uma resenha dos shows, vou apenas comentar o que achei de cada um dos que eu vi, claro.

Cage The Elephant



Show obviamente foi animado, com Matt fazendo seus contorcionismos/danças malucas. Tocou hits para animar a galera, como ao começar o show com In One Ear.
Destaque pro mosh, esmagadas de cabeças - ao pisar nas mesmas para fiar em pé na galera, e o quase desmaio de Matt no meio da galera que o sugava e que, posso estar enganado mas acho que vi bem, teve seu tênis "confiscado" pelos fãs. 


Bom show para começar bem o primeiro dia.

Band of Horses

Um show que me surpreendeu! 
Pensei que ia ser muito calmo e sossegado, até certo ponto cansativo,e  acabou sendo o contrário.
Um dos melhores shows que vi no festival. Público interagindo e cantando. 
Show bem coeso. "Redondo" e animado para curtir e cantar junto. Ótimo para um festival.




Foo Fighters

Da maneira que se esperava. Muitos (mesmo) hits e irreverência de Taylor e Dave, que nitidamente não está com nem 70% de sua voz e falhou em muitas vezes durante o show. 
Além disso, houve uma superlotação que já era esperada devido ao esgotamento dos ingressos - muito em virtude de ser a primeira vez deles em São Paulo.


Outros dois ponto interessantes foram a oportunidade de poder ver pela primeira vez no Brasil a presença de Pat Smear, que já havia saído da banda quando os mesmos vieram para cá no Rock In Rio de 2001; e não uma mas duas músicas com a participação de Joan Jett. 
Show para fã adorar, conhecedor curtir, e qualquer um gostar.




Cascadura

Com rock brasileiro de muita qualidade, os baianos do Cascadura deram muito bem "início às atividades do dia".
Muitos fãs vieram de estados como Bahia, Alagoas, e Pernambuco para vê-los, o que demonstra o grande reconhecimento da banda, que já tem 20 anos de carreira e está lançando o 5º disco, no nordeste brasileiro.  E graças ao show no festival, com certeza ganhou fãs por aqui.




Plebe Rude

Mais uma banda nacional e que fez um bom show.
Além das músicas próprias fez covers de Cólera e Clemente e os Inocentes, relembrando as ex-bandas do voclaista principal da banda, Clemente. Além dos covers emendou  um refrão de Geração Coca-Cola, do Aborto Elétrico, no meio de Repressão.

Destaque para a homenagem à Redson, ex-guitarrista e vocalista do Cólera tendo uma música dedicada ao mesmo, e sua imagem nos telões.



Gogol Bordello

Um espetáculo além de show.
Presença de palco sensacional! Músicas pra todos dançarem, e sem ter jeito certo para isso.
Eugene e sua banda punk cigana (mistura interessantíssima e muito boa por sinal) sabem como animar um público mesmo que eles não conheçam suas letras.
Com certeza entre os 3 melhores shows de todo o festival!


Friendly Fires

Nos discos, é legalzinho, mas ao vivo não mesmo.
Com poucas pessoas cantando junto, e apenas as duas primeiras músicas animando o público, o show se prolongou de uma maneira monótona, cansativa, e homogeneamente desanimada.
O show foi tão sem empolgação que mal percebi que havia terminado. Só percebi ao ouvir o sistema de som avisar sobre as saídas de emergência (anúncio padrão após todos os shows do festival).


Garage Fuzz

Acabei vendo muito pouco, apenas 4 músicas. Porém, foi nítido o bom show que fizeram. Público cantando junto e até certo ponto enchendo bem o Palco Alternativo.

Foster The People

O que já era de se imaginar, tocaram o Torches inteiro, e ainda mais umas b-sides.
Público, (ao menos o da frente, onde eu estava) cantando todas as músicas inteiras, e não só os refrões. Muitos falaram que havia muitos fãs "coxinhas". Bom, ao menos lá pra frente não tinha, lá pra trás poderia sim ter os que sabiam apenas Pumped Up Kicks, o que não duvido mesmo.

Show foi realmente animado, e divertido, e acima do que esperava que fosse.
Muito legal Mark Foster ter indo até o pessoal lá do fundo, mostrando importância com todos os fãs.


Destaque pra Pumped Up Kicks remixada no final, que fez o pessoal dançar de maneira diferente.
Muito bom show!


Arctic Monkeys


Como o esperado, cumpriu o que se costuma ver em todos os shows dos Monkeys. Poucas palavras com o público, um show relativamente curto (ainda mais por ser um headliner), e poucas mudanças entre set lists dos shows mais recentes.

Porém, um ótimo show. Todos cantando as letras inteiras e de todas as músicas.
Mesclaram bem as "três fases" da banda, e ainda tocaram b-sides, como a tão esperada e ótima "R U Mine?"

Até tivemos um Alex Turner mais desinibido, até saindo na chuva e indo na passarela para "tomar chuva com o público" como o mesmo disse.


Falta apenas uma melhor presença de palco para os garotos, por que bons eles são mesmo.


No geral foi um ótimo festival, que agregou valor pela experiência num lugar agradável que foi o Jockey Clube. 
Claro que filas são inevitáveis, só precisou mesmo de uma melhor organização para evitar de pessoas furarem filas, termos mais e melhores opções de alimentos, e melhor suporte à rede de cartões (que caiu de sistema no final de sábado), e de sinal de telefonia, que deixou e muito a desejar.
A probabilidade é de melhorar no próximo ano. E tem tudo pra isso.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Nova Demo do Ringo Deathstarr

Confira agora mais uma música que estará no novo álbum da (ótima) banda de shoegaze/noise pop. 
Aproveite e baixe, por que eles liberaram o download de graça.


Falando Sobre: Bandas Lollapalooza - Foster The People

*Post em parceria com as meninas do @fostertheppl_br e @FTPBROFICIAL

Mark Foster, Mark Pontius, e Cubbie Fink(e Sean Cimino e Isom Innis como membros de apoio em apresentações ao vivo) fazem o Foster The People (que primeiramente era Foster & The People, mas devido a nunca falarem o “&” ficou do jeito que é hoje



Antes de ser o frontman da banda, Foster era compositor de jingles para comerciais de televisão.  Nesse tempo de trabalho, compunhas várias músicas e de vários estilos como hip-hop, eletrônica, e até mesmo clássica. Tal feito foi primordial para o estilo que a banda viria a ter, algo que mistura batidas eletrônicas com indie pop/rock, e até mesmo com algo mais clássico como em Ruby.

Muito dessa sonoridade híbrida vem pela forte influência do Blur e da genialidade muito sonora de seu leader Damon Albarn. O próprio  Mark Foster  assume essa comparação à banda de britpop e diz que  vê o Foster The People como “uma versão  menos rock e mais eletrônica de Blur”.

Ainda sozinho, Mark Foster sentia que precisa formar uma banda. Foi assim que Pontius assumiu a bateria após saiu de sua ex- banda chamada Malbec, e Fink o baixo, depois de sair de uma produtora de TV após a recessão econômica de 2009.



Com o single Pumped Up Kicks, Foster The People tomava conta das pistas de dança e ganhava bons olhos da crítica especializada de várias gravadoras como Warner, Atlantic Universal, e Columbia. Esta última a qual foi fechado o contrato e por onde foi distribuído o primeir, e até o momento único, álbum da banda, o Torches.


Se o hype já era grande apenas com um single, agora com um álbum o FTP ganhava ainda mais espaço na mídia, como inserções de suas músicas em seriados, apresentações em premiações – como o Grammy onde tocaram com ninguém menos que os Beach Boys, e no SNL onde tocaram com Kenny G -   e palcos pelo mundo, incluindo festivais como o SxSW, Coachella, e o Lollapalooza.



Hora de ouvir o Torches e ficar no aquecimento, pois eles estão chegando


segunda-feira, 2 de abril de 2012

Falando Sobre: Bandas Lollapalooza Brasil - Arctic Monkeys


Dois amigos, e vizinhos, de 15 anos, chamados Alex e Jamie, naturais da cidade de Shefild, Inglaterra, ganhavam uma guitarra de presente de Natal e decidiriam montar uma banda com colegas de colégio. Andy,assumia o baixo, e Matt, ficava, a controvérsias, com a bateria. Formariam então uma banda chamada Bang Bang. Apenas tocando covers a banda foi seguindo até a saída do vocalista Glyn, dando o posto para Alex.
Com Alex como frontman, a banda começaria a sair dos covers, e começavam as composições próprias, da banda agora então chamada Arctic Monkeys. Os quais faziam shows em pequenos bares e casas de show da região.



Utilizando-se da old school rede social MySpace, os quatro garotos de Shefield, estariam – sem saber- se lançando para o cenário musical mundial. Por volta de 2002, os fãs dos Arctic Monkeys utilizaram-se do MySpace para lançarem suas músicas para download, e acabaram assim por divulgar o material da banda para a região. Além disso, muitos CDs caseiros eram feitos e distribuídos nos shows e mais e mais fãs foram se juntando.
Os Arctic Monkeys acabaram, indiretamente por assim dizer, sendo um dos pioneiros da divulgação que é largamente utilizada por novas bandas no dia de hoje. A divulgação através da internet.
O single I Bet You Look Good on the Dancefloor já virara hit e todos sabiam a letra, para espanto total dos garotos, que desconheciam essa divulgação feita pelos fãs. Começava a partir daí o sucesso além dos arredores da pequena Shefield.
Em 2005, fechariam com a gravadora Domino e então lançariam o seu primeiro disco de estúdio, o para Whatever People Say I Am, That's What I'm Not. Disco o qual lançou os Monkeys para uma turnê pela América do Norte. 
Turnê a qual Andy não participou alegando cansaço das viagens. Ele então foi substituído por Nick O'Malley temporariamente para essa turnê, que no final das contas, acabou se tornando membro efetivo da banda.



Desde o sucesso com recorde de vendas em um lançamento vendendo 363.735 discos na primeira semana de vendas,  e com a continuidade sonora com o segundo disco, o Favourite Worst Nightmare, onde em ambos, a banda possuía um som mais garagem, com levadas dançantes de indie rock, os Arctic Monkeys se firmavam no cenário até certo ponto “mainstream”, junto com Strokes, Franz Ferdinand e outros pioneiros.
Abrindo o segundo álbum, Brianstorm veio para segurar ainda mais os já então fãs, e para conquistar novos. A sonoridade agressiva e dançante fez os antigos ouvidos acostumados a ouvir rock verem neles uma banda para se acompanhar. O sucesso já era alcançado mundialmente, chegando às emissoras de TV como VH1 e MTV. E tudo isso com apenas quatro anos de banda, sendo apenas dois em gravadora.



Em 2009, com a produção de Josh Homme (Queens of the Stone Age – banda a qual Alex e Jamie arriscam riffs em suas guitarras ganhas de natal de 2001), os Monkeys tiveram uma brusca mudança de estilo, trazendo um ar mais encorpado no som, mais denso, fugindo da levada dançante dos discos anteriores. As críticas foram tanto positivas, vendo um amadurecimento da banda, quanto negativa, para fãs do estilo anterior que só viam Cornerstone como uma das músicas que lembravam os antigos álbuns.



Muitos se perguntavam se este seria o novo estilo adotado pelos garotos ou se teríamos mais uma mudança ou um retorno para o indie rock mais dançante de antes.
A espera pela resposta durou até este ano, quando lançaram o novo álbum Suck It And See.
Após abrir portas para a cena indie, criar álbuns que foram tocados, comprados  baixados por muitos, chegando a recorde de vendas em lançamento, passando por busca de identidade com novo produtor (e renomado artista), eis que chega um dos álbuns do ano: o Suck It And See.
Este álbum traz belas composições como Reckless Serenade, Love is a Laserquest, e a homônima Suck it And See. Fora as B-Sides como Evil Twin muito bem compostas e que poderiam ser facilmente faixas do álbum.



Mais recentemente You & I, e R U Mine? Vieram como singles. Essas duas músicas com um ar mais pesado, que até nos remete ao estilo do Humbug. Poderíamos dizer que esse seria a cara do novo disco que Alex disse que já está sendo escrito durante as turnês que logo mais será colocado em estúdio?



Vamos aguardar, enquanto isso, vamos ouvindo um pouco de Arctic Monkeys para nos aquecermos pro Lollapalooza que está aí batendo à nossa porta.