sábado, 30 de junho de 2012

O começo de um fim?





Apesar de se localizar na capital paulistana, é de conhecimento de todos do Brasil o que representa a Rua Augusta, mais precisamente a Baixa Augusta, para o entretenimento local. Recanto de jovens que buscam desde uns goles de cerveja e rodas de papo com os amigos quanto garotas de "vida fácil" (nunca concordei com esse termo. Vai lá ver se essa vida é fácil mesmo) ou muita agitação em casas de show e baladas. 

Localizado no centro "novo" de São Paulo, esse lugadouro alternativo da cidade nem sempre foi assim, e provavelmente num futuro próximo também não será.

Engana-se quem pensa que a Augusta sempre foi esse recanto de rolês bons e baratos. Em meados dos anos 60 e 70 era muito caracterizada pela boêmia elitista e almofadinha da cidade de São Paulo. Um exemplo que ilustra muito bem isso é a música Hey Boy dos psicodélicos d' Os Mutantes, contato de um boyzinho que já recebeu sua mesada do papai e vai passear na Rua Augusta com seu carro bonito e seu blusão importado e tomando cuba libre gelada. 

Pois é, quem diria que essa mesma rua iria se tornar recanto de alternativos com seus jeans, All Stars sujos e camisetas de banda.
E quem diria que essa mesma rua iria se tornar local de construção de prédios residenciais, os quais estão transformando a cara desse point da vida noturna.

Parece que a irmã pobre está se transformando na irmã rica - aquela que corta as Alamedas e a Oscar Freire. Prédios de médio porte estão sendo construidos por construtoras de renome em meio a bares, baladas e "inferninhos", como deve dizer aquela sua tia. 

Os rumos da Nova Baixa Augusta podem ser notados com o fechamento da clássica casa Vegas, um dos pontos clássicos de entretenimento musical não apenas da região e da cidade de São Paulo, mas como do Brasil e de lá de fora, trazendo DJs e artistas internacionais para curtirem a noite por lá.
Agora, mais recentemente, nos deparamos com a notícia de que não teremos mais shows autorais, ou seja, de bandas fazendo seu som próprio, no Studio SP da Augusta. Só teremos shows covers e temáticos na casa. Todas aquelas bandas novas incríveis irão apenas tocar na casa da Vila Madalena, outro ponto de boemia que se alterou um pouco, mas isso é papo pra outa hora.

Se o presente está assim, imaginemos um futuro onde moradores dos prédios novos irão reclamar do barulhos às 22h. Ou então os pontos de referência para irem visitá-lo? "É só você passar o Casarão, daí duas quadras depois do Coco-Bongo você vira à direita".
Convenhamos, seria meio incomodo.

Não estou querendo botar medo nos alternativos de plantão - aos quais eu me incluo, calma. É só um alerta de que em pouco tempo, alguns poucos anos, algo entre dois e três, teremos uma Nova Baixa Augusta. Não teremos o seu fim, mas que esse recanto da vida boa alternativa vai tomar novos rumos, e vai se tornar um pouco careta, isso me parece evidente.


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