quinta-feira, 4 de abril de 2013

Resenha: The Strokes - Comedown Machine




Pois é, muitos já falaram de Comedown Machine, novo disco do Strokes. Várias resenhas saíram e o assunto pode ter até ficado pra trás. Acabei ficando sem tempo para fazer a do Indie Shoe e sei que escrevê-la agora vai soar mais do mesmo, por quê, afinal, diversas visões já foram expostas sobre o álbum. Entretanto, ainda sinto vontade de dar minha opinião sobre o mesmo. Então bora lá!



O primeiro contato que tive com o álbum, e acredito que foi o mesmo que todos tiveram, foi com o stream do primeiro single, One Way Trigger, e a reação de quase todos foi a de espanto e surpresa. A esperança do Strokes voltar a ser aquele de Is This It desmanchava, e víamos um Strokes nos moldes de Angles, inclusive ainda mais "breguinha" digamos assim. Por essas bandas, as comparações com o tecnobrega foram imediatas (na gringa a comparação foi o som do A-ha) e isso virou motivo de piada, inclusive com a criação de um clipe utilizando imagens da Carreta Furacão. Não vou negar que no começo não gostei da música. e ameacei "desistir da banda". Entretanto, com o passar do tempo, sem ficar pensando que era Strokes, ou jogar responsabilidade na composição, percebi que One Way Trigger era bem divertida, e o clipe-sátira ajudava. Pouco tempo depois foi lançado o segundo single, All The Time, e a expectativa dos fãs em rever o Strokes  Indie Rock voltou a ganhar vida. A faixa não deixa a desejar para outras como Someday e Hard to Explain, com guitarras secas e a bateria dinâmica e rápida, assim como o vocal de Julian. 

Com apenas duas faixas liberadas, ficava a dúvida meio a meio: para que lado a banda iria caminhar no novo álbum? No final das contas, ficaram com um pé cá, outro lá, e um braço perdido por aí. Acabou que  Comedown Machine veio até certo ponto melhor (ou menos pior) que Angles - disco que nem os próprios integrantes gostam. e vimos um Strokes ainda passeando pelos anos 80, com um som meio Rock meio Synthpop. Vemos isso em 80's Comedown Machine, onde Casablancas  aparece com um vocal meio sintetizado e que remete ao estilo Angles de ser. Entretanto, a parte instrumental se caira para o lado Rock da década e se mostra uma boa faixa pelo padrão do disco, e que ganha destaque apenas por estar eno universo Comedown Machine, por que, fora dele, e se fosse em um outro disco da banda, provavelmente não levantaria euforia no ouvinte.

Senti que 50/50 soa como Ask Me Anything, mas numa versão sintetizada. Onde lá era um órgão, aqui vemos o som sintetizado. Se era para parecer com algo de discos anteriores, essa faixa e All The Time foram as que mais se aproximaram, mesmo que essa não seja o nível Rock desejado, já tínhamos uma nos mesmos moldes de First Impressions of Earth. E o disco vai indo assim, coeso dentro de seu mundo. Mas, se analisado pensando em ser um disco de um banda que era caracterizada pelo seu som que deu um respiro no Rock no início de 2000. em meio ao mar Pop comercial, e que passava quase sempre bons riffs de guitarra, ele se mostra meio perdido. 

Fechando a obra temos Call It Fate Call It Karma.  Um Jazz Piano que parece fisgado dos tempos áureos da rádio dos anos 30 e 40 e que soa como uma faixa escondida, daquelas que ficam ali, sem nome na tracklist, mas aparecem com um ar de gracejo após uns minutos de silêncio da última do álbum. Meio perdida, e com uns falsetes estranhos, que Julian pelo jeito gostou de experimentar, ela encerra a obra e com um ponto de interrogação e deixa o ouvinte ainda mais perdido. 

É notório que a banda, já a um tempo, está numa fase de experimentação, e isso é totalmente válido e deve ser aceito pelo ouvinte. O artista tem total liberdade para compor do jeito que ele se sente e tem vontade. Lógico que a resposta do fã é importante e sua opinião deve ter atenção, mas, se ater apenas a esse parâmetro é limitar a arte. Um belo exemplo (guardando todas as possíveis proporções) pode ser visto com os Beatles, que deixaram de ser os garotos de cabelos arrumadinhos e terninhos engomados para os psicodélicos e até mesmo hippies. A arte ela é inconstante e deve ser assim, provocativa e libertária. 

Se o resultado não agradar, nem ao público nem ao artista, isso fica como uma avaliação posterior por parte deste, onde se deve ponderar se não é melhor retornar para a sua zona de conforto ou então experimentar algo diferente do que foi tentado. Angles e Comedown Machine saíram um atrás do outro, quase sem respirar, e o resultado não foi muito agradável. Talvez seja melhor sentar, parar um pouco e reorganizar a casa,  mesmo que seja para continuar com esse som mais diferente do seu habitual, mas que pelo menos seja feito com mais calma,  e assim tenha um resultado mais redondo. Sabemos que o quinteto consegue fazer isso. 





2 comentários:

  1. exatamente o que eu penso apesar de estar ouvindo o disco inteiro só agora não achei que o álbum ficou horrível mais sim que deixou a desejar por se tratar de Strokes.

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  2. Existe uma resistencia em querer aceitar uma estética diferente do que ouvimos em Is This It. Comedown Machine é versátil. Sim, o disco é bom!
    juliavalentine2.blogspot.com.br

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