sábado, 13 de julho de 2013

O Rock Sapatênis



Hoje é dia 13 de Julho, dia tido como Dia Mundial do Rock. Pois bem, uma data um pouco estranha. Afinal, precisamos de um dia para divulgarmos o bom e velho Rock 'n' Roll por aí? Daí entramos naquelas discussões de se é necessário Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia dos Namorados, e que tudo cai na ampla maioria dizer que é uma data comercial. E com o Dia do Rock não é muito diferente. 

Surgido como data comemorativa em 1985, ela foi escolhida devido naquele 13 de Julho ter ocorrido o evento Live Aid, que tinha como objetivo arrecadar fundos para acabar com a fome na Etiópia, e para isso juntou artistas de renome como Queen, Scorpions, Eric Clapton, entre outros. Curioso é notar que apesar de ser um evento gringo, e o Rock ser um estilo partido das terras do Tio Sam e da Rainha, o tal Dia “Mundial” do Rock só é comemorado por aqui, nas terras tupiniquins - pois é, parece que nós adoramos datas comemorativas mesmo- e começou a ser celebrado principalmente por emissoras de rádio especializadas no estilo por volta do início dos anos 90, que desde então cada vez mais vemos a dissemina um certo Rock pra cá e pra lá ajuda muito nisso. 

E um desses resultados é aquilo que você já está acostumado a ver e ouvir de alguns amigos seus, aqueles que se dizem ecléticos, e que vão em baladas de eletrônico num final de semana, e no Vila Country (ou algo similar aí da sua região) no outro, e sempre tem um CD do Exaltasamba no porta-luvas do carro: “Eu curto Rock também, olha só”, e coloca With Arms Wide Open do Creed para tocar. 

Trata-se do Rock Sapatênis

Podemos contar facilmente na mão alguns nomes de bandas que tem aquele Rock mais farofado (e não estou me referindo ao Metal Farofa, como Poison, Mötley Crüe e Cinderela. Isso é outra história), como Creed, Matchbox Twenty, Lifehouse, Live, The Calling, 3 Doors Down, Hoobastank, Three Days Grace e Nickelback, que vários colocam como as bandas de Rock que ouve, ou a sua “cota” de Rock entre as outras coisas que escuta. 

Não estou de maneira alguma dizendo que não se deve ouvir de tudo. Cada um faz o que quer e o que gosta. Somos livres para tudo. Aliás, quem de nós não ouvia tais bandas lá na primeira Rádio Rock, por volta dos anos 2000, (ou algo similar da sua região), com nossos 12 anos de idade e achava isso super legal, super Rock? Pois bem, mas a gente cresceu. E junto de nosso crescimento, pegamos (um pouco que seja) de senso crítico, e percebemos agora que não se trata de algo de muita qualidade. Se até mesmo os fãs do Creed já processaram a banda por não terem achado boa a qualidade de um show, é de se ficar atento. 

E hoje, no dado “Dia ‘Mundial’ do Rock”, podemos olhar nossas timelines de Twitter, e principalmente de Facebook, e notarmos vários clichês como Aerosmith, Guns ‘n’ Roses, Queen, etc, que mesmo clichês, tem sua relevância e qualidade, mesmo que alguns possam não gostar de alguma banda em específico. Porém, olhe com atenção e verá alguém postando um Rock Sapatênis em “homenagem ao Dia do Rock”. 

E não tem nem muito como culpar esses amigos que postam tais bandas. Para eles, isso é Rock, ainda mais pelo que os cerca nos fones todos os dias, seja ele colocando um Sorriso Maroto antes de ouvir Nickelback - e achar “top” - ou pelas rádios que veiculam tais artistas com o rótulo de Rock logo depois de tocarem a nova do Black Sabbath. E quem pensa que o Rock Sapatênis morreu, se engana. Vide os shows de Nickelback e Matchbox Twenty que vão acontecer no Brasil nos próximos meses. 

Não se trata de um julgamento de quem ouve, ou de quem produz esse tipo de música. Somos livres, inclusive para criticar e não querer ouvir. Trata-se apenas de uma observação dos rumos que o nosso velho Rock vem tomando na mente de boa parte da juventude. Principalmente daquela mais alheia ao mundo musical, e que toma por essas bandas como exemplos do tradicional estilo, e as utiliza como ilustração para a sua dose de Rock, que na verdade deixa de lado a atitude, a mensagem de rebeldia, e veste camisa pólo e sapatênis, e fala de dores no coração e super herois em meio a uma instrumentalização melosa e vocais sussurrantes, cafonas, de dor forçada e artificial, e cantados de olhos fechados  

E sem "Feliz Dia do Rock".

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